Ame e faça o que quiser

Santo Agostinho, Caravaggio
Ensina-nos a contar os nosso dias para que alcancemos um coração sábio. Moisés (Salmo 90.12)

Texto do rev. Jonas Rezende
        
Moisés, em sua bonita e profunda oração a Deus, pede um coração sábio para avaliar a vida e conquistar uma verdadeira escala de valores. Creio firmemente que esta deve ser também a nossa prece, a nossa meta.

Você certamente concorda comigo que o cerne da religião, da fé e da própria vida é a ternura, a bondade e o amor. De que valem, se não houver amor, os credos, dogmas e catecismos de todas as religiões? Sabemos que essas formulações doutrinárias provocaram, através da história, lutas, divisões, ódios, inquisições, cruzadas, guerras absurdas e muito derramamento de sangue.

Se você ler o livro O Martelo das Feiticeiras, escrito por dois teólogos medievais, Sprenger e Kramer, vai perceber o esforço que eles fazem e a utilização de uma lógica rigorosa até a loucura — para perseguir, condenar e matar os hereges. E herege, de acordo com o próprio significado da palavra, é a pessoa que escolhe, que faz a sua opção.

Cá entre nós, neste sentido, eu também quero ser herege; pretendo escolher sempre por mim mesmo. Mas, voltando ao livro de Sprenger e Kramer, é bom informar que mais de setenta por cento dos que foram queimados pela Inquisição eram mulheres. Apenas porque tinham conhecimento das plantas medicinais, eram parteiras ou, simplesmente, exerciam a sua sexualidade.

Eu pergunto: qual o valor de dogmas e doutrinas quando a serviço do aniquilamento do homem? Creio que o verdadeiramente importante é o amor divino que Jesus encarna, o despoja- mento de Buda, a entrega do Mahatma Gandhi, a oração de São Francisco de Assis.

Você já notou que tentar explicar a fé é como dissecar a mosca azul? Santo Agostinho, no século IV, nos exorta, sem qualquer medo de cometer erros e desvios. E o bispo de Hipona nos diz:

Ame e faça o que quiser.

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